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Pré-COP: economista defende transição energética urgente
Professor de Columbia diz que a vida humana acaba antes do petróleo
Radioagência Nacional - Por Sayonara Moreno
Publicado em 15/10/2025 07:36
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© Marcelo Camargo/Agência Brasil

“A gente vai queimar muito antes de o petróleo acabar”. A frase é do economista brasileiro e professor da Universidade Columbia, José Scheinkman, durante a pré-COP30, realizada nesta terça-feira (14), em Brasília, ao defender o fim do uso de combustíveis fósseis, como o petróleo, para a geração de energia.

Em conversa com jornalistas que cobriram a pré-COP, o especialista alertou que é preciso acabar com o uso dos combustíveis fósseis, antes que a vida no planeta queime.  

"As chamadas reservas de petróleo nunca caíram. Havia um engenheiro que dizia: 'Olha, nós vamos atingir o pico de óleo no momento que as reservas começarem a cair'. Se você olhar o bruto que cai de reserva, ela ficou mais ou menos de estável. Então a gente não pode pensar que vai acabar, porque vai acabar o petróleo. Se pensar que vai acabar o petróleo, é menos do que os outros. Não vai acontecer assim. Vou colocar de outra maneira. A gente vai queimar muito antes do petróleo acabar".

O professor Scheinkman integra o Conselho de Economistas de Alto Nível que elabora um relatório independente para a Presidência da COP30, sobre a ligação entre as mudanças climáticas e a economia. Segundo o economista, uma série de medidas são propostas como ações contra as mudanças climáticas.

Sem confirmar a viabilidade de todas elas, o grupo propõe, por exemplo, a criação de uma coalizão entre países pelo fim da emissão de gases de efeito estufa. O grupo de economistas independentes também propõe diversas medidas pela transição energética justa. Uma das sugestões é que países desenvolvidos indenizem os países em desenvolvimento em casos de crises climáticas.

Enquanto os debates ocorriam dentro do Centro Internacional de Convenções do Brasil, em Brasília, em frente ao local, um grupo de indígenas realizou uma manifestação pelas urgências climáticas e pela participação dos povos tradicionais na conferência do Clima. A integrante da COIAB, Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira, Jessica Sateré-Mawé, veio de Manaus, no Amazonas, defender que a voz indígena seja ouvida em nome de todas as formas de vida no planeta.

"Nós estamos reivindicando aqui a nossa luta, a nossa presença, principalmente nesse espaço de decisão e principalmente sobre a vida. A vida da floresta, a nossa vida enquanto ser humano. E eu não estou falando somente nossa vida enquanto indígenas, mas também a nossa vida como um todo. Então, esse manifesto ele é um aviso de emergência. Esperamos muito que isso seja alcançado até essas autoridades que estão aí, principalmente essas autoridades que estão nesse espaço de decisão, que é onde a gente precisa estar também".

Neste segundo e último dia de pré-COP, a ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva, fez a abertura da Sessão Ministerial sobre Clima e Desenvolvimento do evento. A portas fechadas, a titular do meio ambiente destacou o “Plano Clima”, o plano nacional de ação.

Segundo ela, o eixo da proposta é justamente a justiça climática, que dá prioridade a “investimentos que recuperem ecossistemas e fortaleçam a resiliência das populações vulneráveis, especialmente as expostas a desastres”. Para isso, a ministra defendeu uma reforma no sistema global de financiamento climático.

Fonte: Radioagência Nacional
Esta notícia foi publicada respeitando as políticas de reprodução da Radioagência Nacional.
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