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Galeria das Negras: protagonismo em primeira pessoa Daniela Martins – a força do protagonismo e da representatividade negra
Por Administrador
Publicado em 25/09/2025 18:27 • Atualizado 25/09/2025 18:30
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Galeria das Negras: protagonismo em primeira pessoa

Daniela Martins – a força do protagonismo e da representatividade negra

A homenageada de hoje na Galeria das Negras: protagonismo em primeira pessoa é Daniela Lúcia Martins, advogada e servidora pública, especialista na área administrativa. Mulher proativa, comprometida e comunicativa, ela traz em sua trajetória a combinação de técnica, dedicação e humanidade. “Sou razão, praticidade, correria e uma pitada de bom humor”, define-se.

 

Para Daniela, sua caminhada sempre foi marcada pela busca por aprendizado e atualização constante, entendendo que o desenvolvimento contínuo é essencial não apenas para o crescimento profissional, mas também pessoal.

Identidade e Trajetória:

“Sou Daniela, a Danie, e minha definição envolve reconhecer tanto a individualidade quanto a coletividade que a identidade negra carrega. Reconheço minha mestiça ancestralidade, que traz arraigada uma trajetória de luta, resistência e cultura. Tenho orgulho em assumir a negritude como potência, beleza, identidade cultural e, sempre, resistência.”

A infância de Daniela foi típica do interior, marcada pela liberdade das ruas e brincadeiras coletivas. “Férias na roça, trepada em árvores com frutos, brincadeiras em bando até a hora de alguém se machucar. Uma infância sem telas, que guardo como a melhor de todas.”

Mas os desafios vieram cedo e permanecem. “Ainda enfrentamos dificuldades apenas por sermos mulheres e negras. Barreiras para ascender a cargos de liderança, menor reconhecimento profissional e baixa presença em espaços de poder reforçam a invisibilidade da mulher negra.”

Caminho Profissional e Conquistas:

Daniela conta que sua escolha pelo Direito foi uma junção de identificação pessoal, vocação e propósito de justiça. “Sempre tive afinidade com as questões relacionadas às dificuldades das pessoas em resolver seus problemas. Esse chamado surgiu desde a tenra idade.”

Ela não ignora o impacto do racismo e do machismo em sua trajetória: “Sempre lidei com a falta de representatividade, com estereótipos e com a necessidade constante de provar minha competência. Isso moldou minha postura, me ensinou resiliência, disciplina e enfrentamento.”

Entre tantas conquistas, uma se destaca com emoção: concluir seu primeiro curso acadêmico superior e, ainda menor de idade, registrar-se no órgão de classe. “Na época, a maioridade era 21 anos. Foi uma vitória simbólica e marcante.”

Identidade, Cultura e Resistência:

Para Daniela, ser mulher negra é viver uma intersecção entre potência, desafios e invisibilidades. “Apesar dos avanços, ainda convivemos com desigualdades estruturais que impactam diretamente nossos direitos e oportunidades.”

A ancestralidade é uma força presente: “A cultura e a ancestralidade possuem papel central na minha caminhada. São referência, resistência e pertencimento. Conectam-me com a sabedoria e a força de quem veio antes de mim.”

Sobre o Mês da Consciência Negra, Daniela é enfática:

“O mês de novembro carrega energia de reflexão e valorização da negritude. É tempo de resistência, coletividade, cultura e protagonismo. Um momento para visibilizar conquistas, talentos e lideranças negras.”

Futuro e Transformação:

Daniela aponta as mudanças que deseja ver: igualdade de oportunidades, políticas públicas inclusivas, maior presença de mulheres negras na política, na saúde, no mercado de trabalho e em cargos de liderança. “A presença ativa da mulher negra nos espaços de decisão é crucial para moldar políticas mais justas e refletir a diversidade da sociedade.”

Sua mensagem para as meninas negras ecoa como inspiração:

“Meninas negras, acreditem: sua história importa, sua voz transforma e cada sonho seu fortalece o futuro de muitas.”

E ao falar de inspirações, Daniela se emociona ao lembrar de sua avó Eva: “Minha maior inspiração. Dona de uma vida aguerrida, acolhedora e incentivadora. Incentivava que as mulheres da família fossem independentes para romper o ciclo da geração dela. Fui a primeira neta a concluir o ensino superior e, com isso, abri caminhos para as demais.”

Encerramento:

Daniela Martins é exemplo de consciência, resistência e protagonismo. Sua trajetória reafirma que a luta das mulheres negras não é individual, mas coletiva.

E deixa como legado vivo a certeza de que, como diz em suas palavras:

“Quando nos conscientizamos da nossa essência, nossas vivências abrem caminhos e inspiram outras a acreditarem em si mesmas.”

By: Rute Alves 

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