1. Qual é o seu nome completo, e há algum significado ou história especial por trás dele?
 Carine Alves da Costa Marinho. Meus pais ficaram muito na dúvida entre Karine e Poliana. Um tia que hoje vive em Portugal disse Karine é muito lindo. Ao me registrar em Cartório o nome deveria ser Karyne, por erro no registro e meu pai não se atentar ficou Carine com "C".
2. Qual é a sua formação acadêmica (instituição, curso, ano de conclusão) e o que a motivou a seguir essa área?
Sou Enfermeira de formação Bacharelado em Enfermagem pela Faculdade Ciências da Vida – Sete Lagoas com formação no ano de 2011.
Especialista em Urgência, Emergência e Trauma pela PUC MINAS – 2013.
Especialista em Gestão do Trabalho e Educação em Saúde pela Escola de Saúde Pública – 2016.
Especialista em Terapia Intensiva Adulto pela Faculdade de Saúde Santa Casa BH em 2020
3. O que despertou seu interesse pela temática abordada no artigo publicado na Revista Latino‑Americana de Enfermagem (RLAE)?
Meu interesse pela temática abordada no artigo publicado na Revista Latino-Americana de Enfermagem (RLAE) surgiu a partir da minha inserção, em 2023, no Mestrado da Escola de Enfermagem da UFMG, quando passei a integrar um grupo de pesquisadores dedicados a analisar o perfil dos estudantes universitários diante dos impactos ocasionados pela pandemia de COVID-19. O ambiente universitário, por si só, já é reconhecido como um contexto potencialmente estressor, e a pandemia intensificou esse cenário ao despertar sentimentos de medo, ansiedade e incertezas quanto ao futuro. Desenvolver um estudo voltado para esse público e almejar sua publicação em uma revista de alto prestígio científico representa não apenas uma oportunidade de ampliação do conhecimento, mas também uma forma de contribuir para a produção de evidências relevantes no campo da saúde mental e da educação em enfermagem.
4. Você poderia contar um pouco sobre sua trajetória profissional até agora: instituições onde trabalhou, funções ocupadas e momentos marcantes?
Possuo 14 anos de experiência na área da saúde, tendo atuado em diferentes níveis de atenção e em diversos municípios da Região Metropolitana de Belo Horizonte. Iniciei minha trajetória profissional na Unidade Básica de Saúde de Jequitibá, exercendo a função de Responsável Técnica (RT). Posteriormente, atuei nos serviços hospitalares e de urgência das cidades de Matozinhos e Pedro Leopoldo, o que me proporcionou vivências significativas na assistência ao paciente em situações críticas.
Tive também a oportunidade de exercer o cargo de Referência Técnica da Atenção Primária à Saúde (APS) no município de Ribeirão das Neves, função que ampliou minha compreensão sobre a gestão e organização dos serviços de saúde.
Entre os marcos mais significativos da minha carreira está o ingresso na equipe de Terapia Intensiva do Hospital João XXIII — reconhecido como o maior hospital de Trauma da América Latina — experiência que consolidou meu compromisso com a assistência de alta complexidade e com a segurança do paciente.
Atualmente, há seis anos, atuo como Enfermeira na Equipe de Cirurgia Cardíaca da Santa Casa de Belo Horizonte, o maior hospital de alta complexidade 100% SUS da América Latina. Fazer parte dessas instituições de referência desperta em mim um profundo sentimento de pertencimento, realização profissional e orgulho por contribuir para a qualidade do cuidado prestado e para além disso melhorar a vida das pessoas.
Além da prática assistencial, exerço atividade docente na Faculdade Atenas de Sete Lagoas, ministrando disciplinas para estudantes do curso de Medicina, do 1º ao 5º período. Também atuo como orientadora da Liga Acadêmica de Intensivismo e como orientadora de Trabalhos de Conclusão de Curso (TCC) no curso de Enfermagem, o que reforça meu compromisso com a formação de profissionais críticos, éticos e tecnicamente qualificados.
5. Qual foi o maior desafio que você enfrentou em sua carreira até aqui — e como você o superou?
O maior desafio da minha carreira, assim como de tantos outros profissionais da saúde, foi enfrentar a pandemia de COVID-19. Foram tempos marcados pelo medo constante de contrair e transmitir a doença a familiares e amigos, pela sobrecarga emocional e física, e também pelo preconceito de parte da população, que via nos profissionais de saúde uma possível fonte de contaminação.

Superar esse período exigiu resiliência, solidariedade e comprometimento com a missão de cuidar, mesmo diante da incerteza e do risco. Hoje, na era pós-pandemia, considero que vencemos um dos maiores desafios da história da saúde pública, e essa experiência fortaleceu minha vocação, ampliou minha empatia e consolidou minha compreensão sobre a importância da valorização e do cuidado com quem cuida.
6. De que forma seu trabalho atual (ou aquele associado ao artigo) contribui para a prática profissional ou para a área de saúde/enfermagem?
Meu trabalho atual contribui significativamente para a prática profissional e para a área da saúde ao possibilitar uma atuação mais sensível e empática diante das demandas humanas envolvidas no cuidado e no ensino. A vivência em contextos de alta complexidade, aliada à experiência docente, tem ampliado minha capacidade de compreender as fragilidades emocionais e os desafios enfrentados tanto pelos estudantes quanto pelos profissionais de saúde.
Essa sensibilidade tem se refletido em uma postura mais crítica e atenta às questões relacionadas à saúde mental, especialmente no que se refere ao estresse, à ansiedade e ao esgotamento profissional. Dessa forma, busco promover um ambiente de aprendizado acolhedor, incentivando o autocuidado e o diálogo sobre o bem-estar psíquico como componentes essenciais da formação e da prática em enfermagem e nas demais áreas da saúde.
7. Quais valores pessoais ou profissionais você considera fundamentais no seu dia a dia e na sua atuação como pesquisadora/profissional?
Entre os valores que considero fundamentais na minha prática profissional e na atuação como pesquisadora destacam-se a ética, o respeito e a empatia. Procuro pautar todas as minhas ações na integridade e no compromisso com o cuidado humanizado, reconhecendo a dignidade e a singularidade de cada pessoa.
No meu cotidiano, busco constantemente refletir sobre a qualidade da assistência que presto, questionando-me: “Eu gostaria de receber o cuidado que ofereço aos meus pacientes?” Essa autorreflexão orienta minhas atitudes e decisões, reforçando a importância de exercer a enfermagem com sensibilidade, responsabilidade e compromisso com o bem-estar do outro.
8. Se você tivesse que escolher uma pessoa que mais a inspirou (ou inspira) em sua carreira, quem seria — e por quê?
Uma das profissionais que mais me inspira na carreira é a enfermeira Renata Pietro, referência na área de terapia intensiva. Admiro profundamente sua trajetória marcada por competência técnica, sensibilidade humana e comprometimento genuíno com a enfermagem. Sua postura firme, ética e inspiradora representa o tipo de profissional que busco ser: alguém que alia conhecimento científico, liderança e empatia no cuidado ao paciente crítico.
Além dela, não posso deixar de mencionar os docentes que contribuíram de forma significativa para a minha formação e para o meu crescimento profissional. Cada um, com sua maneira singular de ensinar e conduzir o processo educativo, deixou marcas importantes na minha trajetória. Entre eles, destaco Karine Barcelos, Adriana Sales, Natasha Preis, Claiton Melo, Hudson Rangel e Andressa Siuves — profissionais que admiro e pelos quais nutro profundo respeito e gratidão.
9. Fora da vida acadêmica e profissional, quais são suas paixões, hobbies ou atividades que mais lhe dão prazer?
Fora da vida acadêmica e profissional, sou uma pessoa que valoriza momentos de lazer e conexão com o que me traz bem-estar. Adoro viajar e conhecer novos lugares, culturas e pessoas. Sou completamente apaixonada pela minha filha, que é minha maior fonte de inspiração e alegria no dia a dia.
Tenho uma verdadeira paixão por chocolate e, mais recentemente, descobri no crossfit uma nova forma de cuidar da saúde e manter o equilíbrio entre corpo e mente — ainda que como iniciante, pratico com entusiasmo e disciplina. Além disso, gosto de dedicar parte do meu tempo ao estudo de temas ligados à minha área de formação, especialmente aqueles relacionados à urgência e à terapia intensiva, que despertam em mim grande interesse e motivação para continuar aprendendo.
10. Olhando para o futuro, quais são seus sonhos ou metas para os próximos cinco a dez anos — tanto profissionalmente quanto pessoalmente?
Nos próximos cinco a dez anos, almejo dar continuidade ao meu desenvolvimento acadêmico, ingressando no doutorado e ampliando minha atuação na pesquisa em enfermagem, especialmente em temáticas relacionadas à terapia intensiva e à formação de profissionais de saúde. Embora eu seja uma eterna apaixonada pela assistência, pretendo, nesse período, reestruturar minha rotina profissional, buscando me afastar das escalas exaustivas de plantão e direcionar minha carreira para atividades que conciliem ensino, pesquisa e qualidade de vida.
No âmbito pessoal, desejo ser uma pessoa mais leve, saudável e equilibrada, valorizando o convívio com minha família e o tempo dedicado às relações sociais, muitas vezes limitadas pela rotina intensa de plantões. Meu objetivo é encontrar um equilíbrio entre realização profissional e bem-estar pessoal, mantendo o amor pela enfermagem, mas com mais serenidade e propósito.