Coluna Vozes em Movimento – Artigo de Opinião
Sete Lagoas e a exclusão digital em saúde: quando até os cursos gratuitos somem
A transformação digital chegou com força aos serviços públicos – mas não para todos. Em Sete Lagoas, a digitalização dos atendimentos na saúde pública avança sem que a população esteja preparada para esse novo cenário. E o problema é ainda mais grave: não há oferta de cursos gratuitos de letramento digital no município, deixando milhares de pessoas para trás.
Esse cenário torna a cidade um reflexo de uma realidade que atinge toda a Região Metropolitana de Belo Horizonte: a exclusão digital como novo determinante social da saúde.
Atualmente, ações simples como marcar uma consulta, acessar resultados de exames ou fazer denúncias dependem de habilidades digitais. É preciso saber escanear QR Codes, utilizar aplicativos e navegar em portais. Só que grande parte da população, inclusive trabalhadores da saúde e conselheiros de direitos, não domina essas ferramentas.
Exclusão digital vai além da saúde
O problema não se limita ao SUS. Outros serviços essenciais também exigem domínio digital: INSS, Receita Federal, carteira de trabalho, título de eleitor e até benefícios sociais.
O que deveria facilitar, acaba excluindo quem não tem internet, celular, computador ou conhecimento digital. A falta de políticas públicas para inclusão digital aprofunda desigualdades sociais, principalmente entre idosos, pessoas com deficiência, trabalhadores informais, moradores da zona rural e pessoas com baixa escolaridade.
O que é alfabetização digital em saúde?
De acordo com instituições internacionais como a Fundação AHIMA e o CDC, alfabetização digital em saúde é a capacidade de acessar, compreender e utilizar informações de saúde no ambiente digital, além de proteger seus dados pessoais.
E mais: pesquisas mostram que quem tem essa habilidade lida melhor com doenças crônicas, previne complicações, adere mais a vacinas e até melhora a qualidade do sono e da alimentação.
Quando a tecnologia vira autonomia: o exemplo de Natasha
Nos EUA, Natasha, uma mulher de 33 anos, perdeu os movimentos de uma mão após um derrame. Ela só conseguiu retomar parte de sua vida quando aprendeu, com ajuda profissional, a usar o aplicativo MyChart, que permitiu que ela agendasse consultas, acessasse exames e se comunicasse diretamente com médicos.
Isso mostra que a inclusão digital não é luxo, é cuidado, dignidade e autonomia.
Soluções urgentes para Sete Lagoas e região:
- Mapear o acesso digital da população e profissionais da saúde;
- Criar programas gratuitos de alfabetização digital nas UBSs, CRAS e escolas;
- Fazer parcerias com bibliotecas, ONGs e universidades para capacitação comunitária;
- Testar e adaptar os portais públicos para serem mais simples, acessíveis e inclusivos;
- Manter opções presenciais para quem não tem acesso digital;
- Formar profissionais de saúde e conselheiros sobre o uso das ferramentas digitais.
Existem materiais gratuitos e confiáveis, como o Health Literacy Online, o Currículo de Alfabetização em Saúde Digital (da National Library of Medicine) e a plataforma Northstar Digital Literacy, que ajudam na formação em letramento digital.
Conclusão:
Sete Lagoas é hoje o retrato de um problema nacional: a transformação digital sem inclusão digital. A falta de cursos gratuitos, de políticas públicas e de acessibilidade condena parte da população a ficar fora do sistema de saúde, dos serviços e dos seus próprios direitos.
A alfabetização digital precisa ser tratada como questão de saúde pública e de cidadania. Porque não se trata apenas de acessar um site. Trata-se de garantir o direito à vida, ao cuidado e à autonomia.
✍️ By Rute Alves de Lima – Editora Chefe da Agência de Notícias RMBH
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